sábado, 28 de maio de 2011

Renunciando aos meios

Não quero. Não quero coisas pela metade. Não quero meia-felicidade, não quero meio-sorrisos, meias-amizades e não quero meio-amores. Não quero, não quero, não quero e não terei. Escolhi que na minha vida não quero ter nada pela metade, que não seja inteiramente meu e para mim.
E isso está longe de ser egoísmo, mas acontece que as coisas só valem a pena de serem vividas se estão inteiras, ainda que com tropeços e inquietações, o mais importante é que elas estejam inteiras, verdadeiras e abertas para nós, abertas para mim, porque eu mereço.
Recuso aceitar mais migalhas e talvez seja por isso que eu sofro tanto com algumas relações que tenho. Porque espero que a minha importância para o outro seja tão grande quanto a importância do outro é pra mim, e isso é muito difícil. Difícil porque não sou único na vida de ninguém. E nem quero ser, mas o que quero é ter um quarto só meu no coração e na vida de alguém. Um quarto grande, com janelas, um quarto que seja bem-cuidado todos os dias e um quarto que seja um espaço integrado ao resto da casa.
Quero ser um ponto de paz pra alguém, quero não todos, mas quero ao menos um sorriso que seja só para mim, seguindo buscando isso incansávelmente, e aí me dou conta de que eu tenho isso, sim. Mas precisa ser inteiro, repito. Precisa ser inteiro e não pode ser meio, eu não me contento com nada que seja incompleto, pela metade, ou falso.
Se esse for o tipo de relação que alguém tiver para me oferecer, eu recuso(e isso não é indireta pra ninguém). Recuso porque me recuso a sofrer por pessoas que dariam meio passo pra mim, mas não dariam o passo inteiro. O problema é que vezenquando dá uma, duas, três vontades de dar aquele empurrãozinho na pessoa, fazer ela dar o passo porque no fundo você ainda aposta naquela meia relação, sabe? Mas o tempo passa e ele ensina que a gente não pode obrigar ninguém a nada. Se ele(a) quiser dar o passo inteiro, ele dará porque é capaz de fazer isso se quiser, apenas se quiser. Mas do contrário, ficará apenas na metade e cabe a você escolher se aceita, ou não esse meio passo. Eu não aceito mais.
Por diversas vezes acho que deveria pensar menos, lembrar menos, ver menos, racionalizar menos, pois se eu conseguisse, minha vida seria muito mais fácil. Mas da mesma forma que não sou pessoa de "meios", também acho que não sou pessoa de "menos".
Sou de "mais" e de "inteiros", que se entrelaçam e formam aquilo que chamamos de amor-próprio. Não que eu me baste sozinho, mas pra alguém andar ao meu lado é necessário que essa pessoa ande de mãos dadas comigo. Que atravesse as ruas e avenidas junto, que desvie dos obstáculos, que tenha uma inteira disposição pra caminhar na vida de cada um. E quero tanto mais pessoas assim comigo. E procuro. E encontro. E desencontro porque pensei de "mais", e nem sei pra quê.
Pode ser que desencontrei porque o que eu havia encontrado era um "meio" camuflado e meu corpo logo sentiu isso e tratou de se afastar aos poucos, para que não doesse tanto. Mas está, mas vai passar, também.
Por isso e por mim que escolho ter apenas coisas inteiras na minha vida. Para que meu prédio não desabe toda vez que um terremoto acontecer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário