quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Labirinto



Diariamente eu tenho uma visão deturpada

De um caminho sem estradas
Por onde eu passei

E então me desencontro

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Máscaras em uma cidade de desilusões

A estação havia mudado e uma estranha neblina pairava sobre aquela cidade. Era uma neblina estranha, diferente de todas que aqueles moradores já haviam presenciado. Embora fosse branca, era possível enxergar o que havia do outro lado, mas era impossível tocar, pegar, sentir. Apenas enxergar.

O clima ficou estranho, os moradores ficaram amedrontados porque estavam com medo de se sentirem ocos pelos resto de sua vida. Se apenas enxergarem, mas de serem impossibilitados de sentir, principalmente. Claro que havia outras coisas que eles gostariam de fazer e não podiam, mas o que mais lhes entrestecia era o fato de não poderem sentir. A neblina não passava.

Um desespero foi tomando conta de todos. Cartas foram enviadas, relações pessoas foram fortalecidas e terminadas, abraços eram mais longos, era perceptível que faziam tudo para sairem daquela sensação de oco que dominava seus corpos. De longe, pareciam pessoas normais. De perto, pessoas famintas por algum tipo de salvação, pedindo ajuda através de seus olhares e desejando sentir.

Dias, semanas e meses se passavam até que, finalmente a neblina havia ido embora. Sorrisos desabrochavam como girassóis nos rostos de todos, era uma eufória que comovia, se fosse vista de fora. Estavam felizes, unidos, parecia que nada iria os atingir novamente. Mas outra vez, quem se aproximasse poderia perceber as marcas deixadas pela neblina. Não eram pessoas completamente felizes, eram pessoas que disfarçavam seu sofrimento.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Lupa do amanhã

Não haviam chuvas, nem trovões
Não havia tristeza e melancólia
Era apenas uma falta identificável
Um oco que não se preenchia

Misturado ao desespero do momento
Tudo era simbólico
A vida, inclusive
Era simbólica também

O abrir, o fechar
O nascer e o morrer
Não passavam de simbologia

Cortei florestas e pensei que
Estava pecando por não viver
E concretizei que era o momento

Que não havia porquê voltar atrás
Ou sucumbir a obstáculos imaginários
Era preciso florescer o quanto antes
Ou não haveria o amanhã


Ando me sentindo mais perdido que o normal. Não sei se é pela quantidade de coisas que eu tenho pra fazer, se é pela agonia de ter que esperar, ou pela falta de alguém, mas eu realmente ando me sentindo mais perdido. Não que eu ache isso totalmente ruim, ou fosse a primeira vez que me sinto dessa forma, mas é que cansa.
Parece que o tempo passa e algumas coisas sempre vão fazer falta. Um abraço que eu não ganho, um: "Oi-tudo-bem-só-queria-saber-como-você-está", ou até mesmo a presença. Ando perdido e carente, isso sim. Focalizar minhas energias aos estudos e coisas assim é a melhor coisa que eu posso fazer por mim agora, mas todos os dias, quando volto pra casa, penso que poderia ser diferente e já estou farto de ter que me bastar para tudo.
Quero me apoiar, quero ser apoio, quero ser solícito e solicitado. Quero acreditar outra vez nos nossos dálmatas e em coisas que serão feitas por pura preocupação, por puro amor. É muito cedo para acreditar em um para sempre, sempre solidão e mais cedo ainda para acreditar que o abraço e as recíprocas não chegarão até mim.

sábado, 24 de setembro de 2011

Sem querer

"There's a reason I said I'd be happy alone. It wasn't 'cause I thought I'd be happy alone. It was because I thought if I loved someone, and then it fell apart, I might not make it. It's easier to be alone. Because what if you learn that you need love? And then you don't have it? What if you like it? And lean on it? What if you shape your life around it? And then... it falls apart? Can you even survive that kind of pain? Losing love is like organ damage. It's like dying. The only difference is... death ends. This...? It could go on forever." (Grey's Anatomy, 7x22.)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Rodeado por uma ponte inacabada

Quarta-feira fui pego por uma virose daquelas que a única coisa que você tem vontade de fazer é ficar na cama, dormir e se desligar do mundo. Não o fiz por completo, liguei o notebook, pensei em uma pessoa que fazia aniversário naquele dia, entrei aqui e escrevi um texto para ela e também olhei para o céu e desejei que o dia e que a vida dele fossem excelentes. Depois minha mãe cuidou de mim. Mas eu não entrei aqui hoje para falar do meu mal-estar, da minha vontade de não fazer nada(não hoje) e do meu desânimo(não hoje, também). Entrei aqui hoje para falar de companhias.

Ontem eu estava voltando do colégio e, como de costume, me deparei com um grupo de amigos juntos. Minha amiga já havia desembarcado, então entre um procura-livro-procura-fone-procura-qualquer-coisa eu acabei observando aquele grupo que estava em pé, formando uma roda. Eram 4 ou 5, não me lembro bem. Não deveriam ter mais que 21, 22 anos e honestamente, acho que não deveriam ter tantas histórias e tantas bagagens guardadas.

Acabei me distraindo com eles, conversavam bem alto, por sinal. Sobre o "professor maluco" da faculdade, sobre "a mina que foi vestida daquele jeito" e também conversavam sobre o que iriam "fazer no findi". E eu achando aquilo tudo uma bobagem sem tamanho, mas de certa forma, me divertia com aquilo que parecia ser proveniente de um mundo tão vázio, de pessoas tão superficíais...Eu sei que não dá pra julgar ninguém apenas por escutar uma conversa no metrô, mas foi essa a impressão que eu tive.

Me perguntei: será que a vida deles todos está tão alegre desse jeito? Será que eles estão alienados a ponto de não enxergarem mais nada? Ou será que eu que estou sozinho demais? A resposta para as primeiras perguntas eu não tinha e, não faço questão de ter, afinal, difícilmente irei encontra-los outra vez, mas e para a última pergunta? Será que eu estou sozinho demais? Não sei, mas eu gosto muito daquela frase do Nietzsche: "Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia." Vai ver me roubaram a solidão tantas vezes e a companhia que me ofereceram foi falsa. Já senti isso várias e incontáveis vezes. Só penso que a solidão é algo tão impregnado dentro de mim que dificilmente conseguem rouba-la.

Mas e hoje? Eu estou me sentindo totalmente só? Não, existem tantas coisas me acompanhando. Existem músicas que se encaixam com o que sinto, existem livros e versos que me traduzem diariamente, existem paisagens que me emocionam e existe uma sede de explorar - e me comover! - aquilo que eu ainda não presenciei. Dito isso, é possível que eu esteja totalmente só? Não.

Aprendo todos os dias que a vida não é feita apenas de pessoas e do amor que nós sentimos por elas. A vida é feita de tantas, tantas outras coisas e o amor pode ser direcionado para algo que não ande sobre duas pernas. A vida também é feita das nossas escolhas e vejamos o quão agraciados nós somos por ter a oportunidade de escolher, a vida também é feita dos nossos sonhos, das nossas vontades e das nossas esperanças que renascem diariamente (se não renascessem, não estariamos mais vivos, acredito). E o amor pode ser direcionado para tantos ventos. Para o vento que sopra internamente, para as estantes de livros, de CD's, para os palcos, para os quadros, para tantas coisas bonitas que nos rodeiam.

O amor é um sentimento grandioso demais para acreditarmos que só pode ser sentido de e para seres-humanos. Isso é mentira. O amor cobre e permeia tudo o que é real para nós, tudo o que nos comove, nos emociona, nos impulsiona. Se dói? Claro que dói. Bastante, dói diariamente e eu nunca vou aprender a contornar essa dor, muito menos a mascará-la. Mas existem outras diversas e milhares e incontáveis coisas que o amor acompanha, também. Coisas essas que, felizmente, tenho acesso sem precisar e depender da vontade de ninguém.

Não tenho um grupinho para planejar o "findi" no metrô (nós temos uma semana de provas pela frente, vestibulares...) e nós também não conversamos muito alto, até conversamos em inglês de vez em quando, para que não entendam nossa conversa e os nossos assuntos me mercam. Eu tenho tantas coisas e fico feliz que para viver boa parte delas eu não preciso da vontade de outras pessoas. Se precisasse, poderia dizer que, sim, estou sozinho. Mas não estou. Eu me tenho e, quando acordo otimista, tenho o mundo dentro das minhas mãos. Isso não acontece todos os dias, ou com uma ordem programada. Mas a verdade é que eu nunca fui uma pessoa muito estável, então sem surpresas, o que nos leva é caminhar.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Incondicional

Olha, vai ser muito difícil escrever um post dedicado a você. Isso porque eu gostaria de escrever tantas coisas e talvez meus dedos e meu coração(você está guardado lá) não consigam me acompanhar, mas a vida é feita de tentativas e vou tentar dizer mais sobre você.

Uma das primeiras coisas que ocorre a cabeça quando lembro de você é: "O quão abençoado o destino foi comigo." Já pensou que as probabilidades de nos conhecermos eram minímas? E hoje, hoje já faz um tempo bem grande que estamos lutando juntos, acreditando juntos, rindo juntos, tentando juntos. Você sabe que eu não acredito em Deus, mas acredito em destino e em todas outras forças maravilhosas que trouxeram você para a minha vida.

Se hoje eu tivesse que te definir em uma palavra, acho que essa palavra seria "real". Porque você é dessa forma comigo. Não existem disfarces, mentiras contadas para agradar, não existe nada disso. O que existe é uma pessoa de verdade, com qualidades, defeitos, manias, trejeitos...Uma pessoa de verdade que eu amo tanto, Irmão.

É bem verdade que algumas vezes eu não entendi, não fui compreensível o suficiente e quis bater o pé, como faz uma criança mimada quando quer algo. Mas você não deixou. Você colocou os meus pés no chão e principalmente: colocou a minha mente no lugar. Você sabe, nós sabemos que, caso você não tivesse feito isso, as coisas realmente teriam ficado complicadas. É como um anjo que apareceu e todos os dias me ensina a ser mais paciente, mais tolerante, mais otimista...Eu não teria conseguido sem você.

E agora eu consigo ver o futuro. Acho que se não fosse por você e outras poucas coisas que aconteceram, eu não conseguiria. Às vezes parece que você não existe e eu me pergunto como alguém assim, como você foi aparecer na minha vida e, mais surreal ainda: como alguém como você permaneceu e no que depender de mim, permanecerá por muito tempo.

Eu nunca vou conseguir expressar tudo de forma clara como gostaria, eu nunca vou conseguir te dizer como eu me sinto abençoado por você na minha vida e o como eu sou grato por tudo o que tem acontecido, Irmão. Não te desejo as melhores coisas apenas nesse dia, te desejo eternamente. Que você não perca sua capacidade de se reerguer, que você tenha boas e novas perspectivas todos os dias e, principalmente: que você seja mais feliz ainda, porque acredite em mim, você merece milhares de bendições na sua vida.

Eu amo você, vou amar mesmo que eu não esteja mais nesse projeto de mundo louco em que vivemos. Não preciso, mas também digo pra você que o inalcansável não existe no caminho de ninguém, menos ainda no seu e que você é capaz de projetar, concretizar e realizar tudo, tudo o que quiser. Te vejo hoje, te vejo amanhã, te vejo daqui há trinta anos; te vejo até a eternidade. Você é de ouro, Irmão. Feliz aniversário.



"Na minha memória tão congestionada- e no meu coração - tão cheio de marcas e poços, você ocupa um dos lugares mais bonitos."

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Se impermeável fosse

Fui caindo tanto e fui me perdendo em meio a tantas coisas que eu sentia. Fiquei apavorado, tentando afastar toda e qualquer emoção que se aproximasse de mim, mas não consegui. Das vezes em que chorei, que me desesperei, que senti saudades, não foram por fraqueza. Foi porque amei, porque senti, porque quis tanto e não tive nada.

Observava você passar todos os dias e me sentia extremamente impotente, pois você passava em todos os lugares e não passava no meu lugar, não havia o que eu pudesse fazer, além de te observar, observar e imaginar para quais caminhos você estava indo e qual seria o seu destino. Chorei também por pensar que seu caminho e seus destinos estavam distantes de mim.

Quis me desligar e não sentir absolutamente nada, eu acreditava que seria mais feliz dessa forma, mas essas coisas que não envolvem racionalidade são impossíveis de prever. Amor, saudades, desespero e agonia vão além de qualquer racionalidade existente no mundo. Não havia nada que pudesse ser feito e, o que havia, era radical demais e nesse momento eu também estou cansado de ser radical, mas eu não me canso de uma coisa: te observar.

Por que eu não consigo? Por que? Nem em Deus eu acredito, então por que acredito no amor improvável que pode te despertar em um desses caminhos, ou então por que acredito que depois de um tempo, não sei quanto, apenas um tempo, eu vou sentir menos e tudo se transformará em racionalidade? Isso jamais vai acontecer, cada um nasce de uma forma. Eu nasci assim.

Realmente não acho que essas coisas tenham alguma solução, a não ser continuar caminhando no meu caminho. Sozinho, com saudades, desesperos que surgem algumas vezes, em uma corda bamba sem fim. A vida é tão estranha e eu não me canso de me perguntar o porquê, mas acho que deve haver alguma magia nisso, ou alguma espécie de pote de ouro no final de tudo que cruza o nosso caminho e não sai da minha mente.

sábado, 17 de setembro de 2011

Por uma vez na vida

Percebi pela primeira vez que não bastaria nada ficar parado vendo todas as outras coisas e pessoas acontecerem. Decidi, então, de forma meio corajosa, meio amedrontada e meio sem rumo que tomaria alguma atitude. Relutei inicialmente, inventei desculpas, estipulei horários e datas que não foram cumpridos, mas era chegada a hora de dar o passo, que eu não saberia e acho que durante muito tempo não vou saber aonde me levará.

Era chegada a hora da partida, ou melhor pudesse descreve-la como sinal de largada. Fui em busca, entre obstáculos que se materializavam na minha frente e eu, de um jeito bem torto, por sinal, desviava como quem corre e luta pela vida. Senti o cansaço, o fracasso e a vontade de desistir baterem à porta tantas e tantas vezes que também tive que aprender a expulsar fantasmas e digo que isso foi uma das coisas mais difíceis que fiz. Não é fácil manter-se focado, ou simplesmente manter-se em pé.

E finalmente, quando pensei que estivesse chegando ao meu destino e a corrida estava terminando, eis que tudo muda e uma nova curva aparece em meu caminho. O que havia depois da curva era o infinito e estava tudo tão distante...Mas não distante o suficiente para me fazer desistir, pelo contrário. Me animei, pois já que o caminho seria longo, as chances de aparecerem milhares de coisas novas eram maiores ainda. Continuei correndo.

Com tantas dificuldades, não seria mais fácil e até mesmo lógico acatar qualquer desculpa de qualquer fantasma e desistir de tudo? Seria, mas caso eu desistisse, perderia a chance de me encontrar com todas as milhares de coisas novas que poderiam surgir em meu caminho. E além do mais, eu nunca gostei muito de coisas lógicas...Me pergunto: e se não houvesse coisa alguma e fosse um caminho vázio, cercado de nada? Tudo certo, também. A maior vitória naquele momento era cruzar a linha de largada, não a linha de chegada.

Por uma vez na minha vida eu queria fazer tudo diferente e estava tentando fazer. Ignorar fantasmas, despistar ideias pré-determinadas, não se importar com o vázio. Todas essas coisas eram diferentes para mim e estavam ali, prontas para entrarem na minha vida. Por uma vez, pela primeira vez e por muitas outras vezes que virão na minha vida.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Apatia

Repare no transparente, repare como ele sempre permanece do mesmo jeito, ou melhor, repare como ele não tem jeito algum. O transparente representa tantas coisas e ao mesmo tempo representa o nada, representa a falta de trejeitos, de nuances, de...De qualquer coisa que remeta a vida.

Melhor que criar uma metáfora, prefiro dizer logo que estou apático, mais apático do que já estive em muito tempo. Se antes eu sentia excesso de dor, excesso de saudade, excesso de amor, hoje eu posso afirmar que não estou sentindo nada. E me custa aceitar isso porque eu sempre senti tanto, fossem alegrias, fossem tristezas. O que eu quero nesse momento é escapar disso, me recuso a ser uma pessoa oca, com sentimentos inexistentes...Mas não é fácil.

E mais uma vez eu me sinto estagnado com a vida e com as coisas que acontecem ao meu redor. E são tantas, são tantas pessoas todos os dias, tantas coisas para serem feitas, para serem iniciadas e terminadas, tantas tantas e tantas, mas nenhuma delas consegue me atingir, ou me impulsionar. Acho que estou regredindo, na verdade. Talvez seja exagero, mas eu também ando apático para ser exagerado no que eu escrevo, também.

Não há um só dia que eu não pense em tudo o que poderia ter sido e não foi, então, de uma forma bem escondida, sinto uma decepção interna comigo mesmo, mas essa decepção não é demonstrada exteriormente, a não ser nos momentos que inevitavelmente me deparo com algo que me faz recordar do futuro que não aconteceu e, me derramo em lágrimas. Nesses momentos a apatia desaparece, mas volta logo depois. É estranho.

Acho que, novamente, não vou tomar nenhuma medida drástica. Eu prefiro continuar acreditando que é só uma fase, que amanhã tudo vai florir de novo, que os sorrisos serão direcionados para mim também, que a empatia será presente, que todas as pessoas importantes não estão perdidas, estão juntas comigo. Que todo o esforço para existir diariamente terá sido válido e que enfim, estou sendo feliz outra vez. Mas não hoje, talvez amanhã, ou depois. Não sei.

domingo, 11 de setembro de 2011

Fronteiras inexistentes

Vamos desventurar fronteiras
E pular de penhascos
Vamos explorar os mares
Sem pensar nos naufrágios

Vamos perder os mapas
E ainda assim encontrar nossos destinos
Vamos fugir do obvio
E enxergar o invisível

Vamos perder as estribeiras
E vamos perder a lucidez
Vamos andar contra o vento
E se emaranhar no desequilíbrio

Vamos direcionar nossos rumos ao incerto
E mais que isso: seremos instáveis até
Até quando encontrar aquilo que nos estabilizará
Ou simplesmente procurar incansavelmente

Vamos esquecer do fracasso
E reviver nossos caminhos e destinos
Vamos emergir




*poema escrito há algum tempo e é um dos meus preferidos

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Eu não estou me movendo

Vejamos o quão estranha a vida é diariamente, vejamos quantos momentos nós valorizamos ao extremo e logo depois uma onda de coisas ruins parece encobrir o nosso corpo. E não é premeditado, apenas acontece, nosso corpo, nossa mente, tudo reaje por si mesmo e não há como ter controle algum sobre marés, sobre ventanias e vendavais assim como não há controle sobre a vida, nem sobre a morte.

Eu queria saltar de um abismo que não tivesse fim e que tudo fosse tão rápido, mas tão rápido que meus olhos não seriam capazes de capturar nada. Nem pessoas, nem gestos, nem luzes, nada mesmo. Poderia ser uma queda sem fim e todos os meus sonhos e esperanças boas desabariam junto comigo. Em uma queda sem fim, em busca de caminhos que não vão aparecer jamais.

Desculpe se pareço confuso, a verdade é que já não sei de mais nada, essa noite eu chorei tanto e chorei sem saber, chorei pela falta, chorei por aquilo que eu mais amo no mundo e não estava, chorei feito alguém que não tem perspectiva boa alguma, chorei como se não restasse mais nada a se fazer na vida, além de chorar. Desculpe-me novamente se pareço dramático demais, mas é que está tudo tão confuso que eu também acabei perdendo o controle das minhas palavras, perdão.

Tudo o que foi perdido era tão sagrado. E movia tantos mundos, trazia tantas vontades e realmente parecia que estava dando certo, que poderia ser simplesmente...Bonito. Parecia e era naqueles tempos em que o perdido ainda não havia sido perdido e meu rosto estampava um semblante luminoso e feliz que desde que tudo se perdeu, se apagou. E tudo o que eu mais queria era reviver todas as coisas que não podem serem vistas, mas que eu sinto todos os dias, que eu penso todos os dias, que eu gostaria de ter todos os dias.

Eu peço todos os dias para o futuro, o destino, as cartas, a vida, não sei, qualquer coisa dessas imaginárias que a gente deposita um pouco de "fé", que volte, que não me deixe nessa penumbra, nessa escuridão e nesse marasmo em que me encontro.

sábado, 3 de setembro de 2011

I know what it's like

De alma frutífera e compaixão incomensurável. Acho que posso te resumir desse jeito sem ao menor ter te conhecido e assim posso acreditar que tua plenitude alcançou tantos lugares, tantas mentes, tantos ouvidos e tantas e tantas outras almas que talvez se assemelhassem as tuas em alguns aspectos. Empatia, isso que sentimos por ti. Empatia, admiração e uma vontade de gritar aos sete cantos para que escutes o quão importante és para nós. Provavelmente você saiba que é aí, no lugar abençoado que você está. E nós aqui embaixo sorrimos com isso.

Tua sensibilidade e tua magnitude nos atingiram tanto, Guri. Você iria dar risada e iria chorar se soubesse quantas noites passamos escutando tuas músicas, ou quantas vezes re-lemos aqueles versos e tentamos, em vão, decifrar exatamente o que você queria dizer, mas bobagem, o mais importante é que você nos atingiu de tal maneira que...Não nos sentimos tão sozinhos aqui, nesse mundo que por muitas vezes chega a ser fantasmagórico. Você foi e você é nosso amigo em cada verso.

Me pergunto se as coisas poderiam ser diferentes e não obtenho resposta alguma, acho que isso não faz muito sentido agora. As histórias acontecem do jeito que deveriam acontecer. Às vezes acontecem em toda sua boa plenitude e às vezes acontecem da pior forma possível, mas tudo se passa por algum motivo. Tua existência, Guri, foi extremamente necessária para nós. Foi e é, porque todos nós te sentimos aqui, ao nosso lado. Não há porque se conjugar os verbos no passado porque para nós, você será eterno. Você é.

Não deixemos que as injustiças da vida predominem sob tua genialidade e não deixemos nunca que sejas esquecido. Você esteve, você está e você estará conosco e precisa, precisa e deve saber o quão bem nos faz diariamente, nas lutas que ganhamos e nas lutas que perdemos. Estar perto é mais do que físico, estar perto é coração, sentimentos, compaixão...É tantas outras coisas. E por elas, posso dizer que você está perto de nós, Guri.

Estrela, estrela, como ser assim?


texto dedicado à Vinícius Gageiro Marques*