sábado, 30 de abril de 2011

Que não será perdido


"De modo que no eran las ideas las que salvaban al mundo, no era el intelecto ni la razón, sino todo lo contrario: aquellas insensatas esperanzas de los hombres, su furia persistente para sobrevivir, su anhelo de respirar mientras sea posible, su pequeño, testarudo y grotesco heroísmo de todos los días frente al infortunio." (Ernesto Sábato)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Não me perco, não me esqueço

Hoje eu acordei com vontade de voar. De voar de mim, de me dar férias e esquecer um pouco da pessoa que eu sou, esquecer meus sentimentos, esquecer tudo aquilo que é relacionado comigo. Voar, voar, voar pra bem longe e esquecer de mim, em uma estranha tentativa de me recuperar.
Digo isso porque em um certo ponto da vida você se cansa de colocar tudo sobre os ombros, ou pior ainda: guardar tudo no coração. Porque dói, porque machuca, porque na maioria das vezes não faz bem e esse não-bem vai te levando pra um poço cada vez mais fundo e quando você percebe, já está dentro do poço e não faz a menor ideia de como escapar. Escapar de si próprio, e pra quê?
Acho que não existe possibilidade alguma disso acontecer, porque escapar de si é se trair, trair os próprios sentimentos(que ainda que pareçam ruins, são só seus) e uma das piores coisas que existem no mundo é não ir de acordo consigo. Ainda que você tente fugir, ainda que tente não pensar, ainda que beba, que fume, que assista programas de televisão fúteis, que pense em suicídio, que tome remédios pra dormir; ainda que faça todas essas coisas na tentiva frustrada de fugir, de voar pra longe de si, você não consegue porque sabe e acredita que no fundo, sente o maior orgulho de ser assim. Eu sinto, mas me canso às vezes.
A falta de mecanismos pra lidar com tudo isso faz parte de toda a agonia e de toda essa vontade de voar, de fugir e de se esquecer. Quem, em sã consciência se sente confortável em situações que não consegue lidar, que não possui total controle? Mas talvez seja essa a grande magia disso tudo, a grande magia da nossa vida: não ter controle sobre nada, correr todos esses riscos e não se perder, ainda que o caminho pareça e seja difícil.
Não sei se isso é fruto de uma desorientação interna, se isso é fruto de uma vontade de mais, um mais que eu também não sei o que é, mas o que sei é que falta algo e que a forma de buscar esse "algo" não é fugindo de mim. Porque quando eu o encontrasse, não teria sido eu quem teria encontrado, teria sido outra pessoa. E definitivamente, eu não quero ser outra pessoa, ainda que me doa ser eu em muitos momentos.
E eu vou voar, sim. Mas vou voar pro que me faz feliz, pro que me dá perspectivas boas, pro que me faz sorrir...E me levo junto, mas não na bagagem. Me levo no coração, porque é lá que tudo acontece.



(8) Quem bater primeira dobra do mar
Dá de lá bandeira qualquer
Aponta pra fé e rema (8)




E a música não poderia ser outra:



quinta-feira, 21 de abril de 2011

I've got something inside of me

Desconsidere toda a felicidade, todo o otimismo e toda a positividade de posts anteriores. Desconsidere toda a perspectiva e todos os sorrisos. Desconsidere o Sol, as chuvas que eu tanto amo e desconsidere os sons. Desconsidere o futuro, desconsidere as lembranças boas e os amores. Desconsidere todas as coisas boas. Eu não estou bem, eu não estou bem, eu não estou bem, eu não estou bem. Sinto um peso enorme, sinto uma vontade enorme de fugir, de encontrar algo que eu não sei o que é. Sinto vontade de gritar, de gritar pra ninguém, de gritar pra alguém...De pedir ajuda, de me curar. Sinto vontade de me salvar ao mesmo tempo que não sinto.
É uma confusão tão, mas tão grande que me perco em meus próprios sentimentos. Parece que ao passo de que você está feliz, existe toda uma conspiração que deseja que você fique triste e que coisas ruins aconteçam com você. Que as pessoas se afastem, que os amores não durem, que as músicas parem de tocar e que as cortinas se fechem. Uma conspiração que parece desejar, e pior: conseguir tudo isso. Uma conspiração que vai, mas sempre volta. Será que existe mesmo?
Talvez seja uma conspiração interna, uma vontade de procurar defeito em coisas pequenas e se apegar ao defeito pra sofrer, pra chorar, pra sentir vontade de sumir do mundo. Uma vontade de não me dar uma, duas, três, quantas chances for preciso para que eu seja feliz. Mas eu não quero, juro que não quero ser infeliz...Eu quero acordar cada vez mais, quero sorrir cada vez mais, quero mais, quero muito, muito mais, porém, essas coisas andam cada vez mais distantes e se eu pudesse, dormiria durante dias seguidos. Não por preguiça, mas pela falta de vontade na vida.
Pode ser que seja momentâneo, isso já aconteceu outras vezes. Pode ser que eu me arrependa, que algo espetacular aconteça amanhã, pode ser que eu sorria tanto, pode ser que o meu amanhã seja tão feliz. Isso, pode ser, será! Mas no momento, nada disso está se passando, infelizmente. Infelizmente porque eu quero ser feliz, caralho.
Eu não sei o que vou fazer agora. Pretendo dormir durante muito tempo("O sono também salva. Ou adia." CFA) porque dessa forma acho que não penso em nada. Não penso em coisas boas, mas por outro lado também não penso em coisas ruins e assim vou me guiando para um futuro incerto. E não sei se continua, se acaba. Não sei, não sei. O que sei é que estou desesperado por alguma salvação que eu não faço a miníma ideia de onde virá. Pode vir da terra, do céu, de qualquer lugar, mas que venha logo, que venha hoje, que venha agora. Porque o desespero toma conta de mim em certos momentos e sinto como se estivesse sufocado, sufocado por dentro.
Eu não estou delirando, estou lúcido pra caramba. E é isso o que me assusta.



Que não sejam perdidos, que não sejam em vão. Que sejam presentes, que sejam sinceros e que estejam juntos. Que haja o futuro bom.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Por mim

Dia desses estava voltando do colégio e meio distraído, um carro passou por mim e buzinou. Na hora até levei um susto, mas quando cheguei ao outro lado da rua, pensei: "Sabe que até seria uma boa ideia ser atropelado?" - pensamento absurdo, eu sei. Mas existe um motivo pra eu ter pensado isso, e eu explico. Se eu fosse atropelado, certamente seria levado a um hospital onde médicos e enfermeiros cuidariam de mim, certo? E era isso que eu queria: ser cuidado.
Ultimamente tenho feito tanta coisa, mas sinto e tenho a certeza de que grande parte das coisas que faço não são por mim e para mim. Obrigações fazem parte da vida, sim, mas não podem ser tudo na vida, como tem sido na minha, mas eu estou decidido a mudar isso e aproveitar.
Aproveitar o amor das pessoas que eu amo, aproveitar as músicas, aproveitar os textos, os livros...Aproveitar. Tá faltando isso, sabe? Tá faltando olhar para as coisas boas que estão fora do eixo das obrigações, tá faltando sorrir mais, também. Aliás, tá faltando muita coisa...
Não sei, talvez seja carência minha(e deve ser mesmo), ou talvez eu precise dormir mais, mas a certeza que eu tenho no momento é que preciso e mereço ficar bem. Como eu vou colocar essa certeza em prática, eu não sei ao certo, mas o ponta-pé inicial eu acho que estou dando, que é o reconhecimento e a vontade de mudar, de melhorar e ser mais feliz ainda.
E de forma alguma, nem em um milhão de anos, eu preciso ser atropelado para que isso aconteça.



Tô me afastando de tudo que me atrasa, me engana, me segura e me retém. Fui ser feliz, e não volto!(Caio F. Abreu)


Ao som de:


sexta-feira, 1 de abril de 2011

O asfalto e eu

Desde pequeno sempre tive vontade de me mudar de(e não para, como muita gente) São Paulo. Sempre acreditei que a vida em outras cidades(do Brasil e talvez do mundo) pudessem ser melhores que a vida nessa cidade em que eu nasci, cresci e sempre vivi. Acreditava também que São Paulo não havia me abraçado, embora eu confesse que gostaria que isso tivesse acontecido, afinal, "São Paulo tem tudo" e, realmente tem. O que não tem é só felicidade.
Com o tempo, fui amadurecendo essa ideia de trocar de cidade, bolei alguns planos para que isso acontecesse e ainda não os descartei totalmente, mas devo admitir que de uns tempos pra cá a ideia de sair de São Paulo não está tão presente como estava antes, deixou de ser um destino certo, para uma possibilidade. Possibilidade, sim, porque ainda penso em morar em outra(s) cidade(s) e tenho certeza que outras mudanças ocorrerão até o prazo que eu estipulei em meus planos(2 anos) para que essa mudança de cidade acontecesse. O motivo disso? A visão.
A visão que eu tinha daqui sempre foi a de uma cidade enorme(e de fato, é), com pessoas apressadas(e de fato, são) que não reparam em quem está ao seu lado, uma cidade competitiva, exigente, que não permite deslizes e que tem um transporte público cada vez mais caro e cheio(mas sou fã do metrô, que fique claro) e ainda achava que as pessoas de outros estados eram loucas, loucas ao sairem de suas respectivas cidades para virem pra cá! E de fato, é. E de fato, são...Mas isso é realmente um problema?
Ok, São Paulo tem todos esses defeitos que eu citei acima e vários outros, como qualquer grande metrópole do mundo tem, mas acredito que eu ainda tenha uma visão sobre a cidade que deve ser amadurecida, e esse amadurecimento já está acontecendo. Não posso e não aceito odiar o lugar em que eu nasci só porque...Sei lá, só por odiar("10 Things I Hate About You" feelings) Pode ser a minha cidade, sim.
Enxergo coisas boas aqui, São Paulo é linda, São Paulo é inquieta e te oferece tudo, absolutamente tudo. São Paulo é acolhedora (sempre tem um lugar que você se sente bem aqui). E esqueci de citar que faço aniversário no mesmo dia que a cidade: 25 de janeiro. Isso é meio contraditório pra mim, mas eu não escolhi o dia em que queria nascer, afinal.
Mas o principal e que eu ainda não disse aqui foram as "minhas" pessoas daqui. Minhas no sentido de estarem na minha vida e também morarem nessa cidade. Ultimamente andei percebendo que eu tenho muita sorte em ter conhecido pessoas aqui, pessoas que vivem aqui e me sinto, de certa forma, honrado por conviver com elas...Aí a visão já muda também, porque há 3, 4 anos atrás eu não acreditaria que pudesse ter amizades daqui, como as que tenho hoje. E isso só me confunde e só me faz pensar ainda mais se eu devo ir embora porque em outra cidade encontrarei, além de outras coisas mais, pessoas boas e queridas pra mim. Talvez encontre, com certeza encontrarei, mas acontece que eu TAMBÉM posso encontrar pessoas aqui, nessa mesma São Paulo que eu gostaria de abandonar.
O fato é que eu ainda tenho um certo tempo pra pensar sobre isso(e visitar tais lugares que eu cogito morar) e, do jeito que sou impulsivo, não dúvido nada que daqui há dois anos eu me mude e engula tudo isso que eu disse, mas também sei que comecei a olhar mais pra mim, para as pessoas e lugares queridos aqui e não posso simplesmente desprezar todas as coisas boas, só porque as coisas ruins também existem. Elas que se explodam, oras.
Pra finalizar, deixo um trecho do Caio Fernando que traduz tudo que eu disse muito melhor.


Zézim, vou te falar um lugar-comum desprezível, agora, lá vai: você não vai encontrar caminho nenhum fora de você. E você sabe disso. O caminho é in, não off. Você não vai encontrá-lo em Deus nem na maconha, nem mudando para Nova York, nem.

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