sexta-feira, 1 de abril de 2011

O asfalto e eu

Desde pequeno sempre tive vontade de me mudar de(e não para, como muita gente) São Paulo. Sempre acreditei que a vida em outras cidades(do Brasil e talvez do mundo) pudessem ser melhores que a vida nessa cidade em que eu nasci, cresci e sempre vivi. Acreditava também que São Paulo não havia me abraçado, embora eu confesse que gostaria que isso tivesse acontecido, afinal, "São Paulo tem tudo" e, realmente tem. O que não tem é só felicidade.
Com o tempo, fui amadurecendo essa ideia de trocar de cidade, bolei alguns planos para que isso acontecesse e ainda não os descartei totalmente, mas devo admitir que de uns tempos pra cá a ideia de sair de São Paulo não está tão presente como estava antes, deixou de ser um destino certo, para uma possibilidade. Possibilidade, sim, porque ainda penso em morar em outra(s) cidade(s) e tenho certeza que outras mudanças ocorrerão até o prazo que eu estipulei em meus planos(2 anos) para que essa mudança de cidade acontecesse. O motivo disso? A visão.
A visão que eu tinha daqui sempre foi a de uma cidade enorme(e de fato, é), com pessoas apressadas(e de fato, são) que não reparam em quem está ao seu lado, uma cidade competitiva, exigente, que não permite deslizes e que tem um transporte público cada vez mais caro e cheio(mas sou fã do metrô, que fique claro) e ainda achava que as pessoas de outros estados eram loucas, loucas ao sairem de suas respectivas cidades para virem pra cá! E de fato, é. E de fato, são...Mas isso é realmente um problema?
Ok, São Paulo tem todos esses defeitos que eu citei acima e vários outros, como qualquer grande metrópole do mundo tem, mas acredito que eu ainda tenha uma visão sobre a cidade que deve ser amadurecida, e esse amadurecimento já está acontecendo. Não posso e não aceito odiar o lugar em que eu nasci só porque...Sei lá, só por odiar("10 Things I Hate About You" feelings) Pode ser a minha cidade, sim.
Enxergo coisas boas aqui, São Paulo é linda, São Paulo é inquieta e te oferece tudo, absolutamente tudo. São Paulo é acolhedora (sempre tem um lugar que você se sente bem aqui). E esqueci de citar que faço aniversário no mesmo dia que a cidade: 25 de janeiro. Isso é meio contraditório pra mim, mas eu não escolhi o dia em que queria nascer, afinal.
Mas o principal e que eu ainda não disse aqui foram as "minhas" pessoas daqui. Minhas no sentido de estarem na minha vida e também morarem nessa cidade. Ultimamente andei percebendo que eu tenho muita sorte em ter conhecido pessoas aqui, pessoas que vivem aqui e me sinto, de certa forma, honrado por conviver com elas...Aí a visão já muda também, porque há 3, 4 anos atrás eu não acreditaria que pudesse ter amizades daqui, como as que tenho hoje. E isso só me confunde e só me faz pensar ainda mais se eu devo ir embora porque em outra cidade encontrarei, além de outras coisas mais, pessoas boas e queridas pra mim. Talvez encontre, com certeza encontrarei, mas acontece que eu TAMBÉM posso encontrar pessoas aqui, nessa mesma São Paulo que eu gostaria de abandonar.
O fato é que eu ainda tenho um certo tempo pra pensar sobre isso(e visitar tais lugares que eu cogito morar) e, do jeito que sou impulsivo, não dúvido nada que daqui há dois anos eu me mude e engula tudo isso que eu disse, mas também sei que comecei a olhar mais pra mim, para as pessoas e lugares queridos aqui e não posso simplesmente desprezar todas as coisas boas, só porque as coisas ruins também existem. Elas que se explodam, oras.
Pra finalizar, deixo um trecho do Caio Fernando que traduz tudo que eu disse muito melhor.


Zézim, vou te falar um lugar-comum desprezível, agora, lá vai: você não vai encontrar caminho nenhum fora de você. E você sabe disso. O caminho é in, não off. Você não vai encontrá-lo em Deus nem na maconha, nem mudando para Nova York, nem.

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