quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Como relógios e bússolas quebradas

Vejo folhas secas de árvores de outras dezenas de primaveras anteriores caindo ao chão. E nada pode ser feito a não ser recolhe-las, uma a uma. Porque cada uma dessas folhas possui uma história, cada uma cresceu sozinha e ao mesmo tempo junta de outras tantas e tantas folhas e flores que ali também cresciam. Vejo tudo se perder aos poucos. Minto, vejo aquilo que não é verdadeiro se perder aos poucos.

Conforme o tempo passa, mais e mais folhas secas caem ao chão, é impossível detê-las, suplícios ou promessas são inúteis nesses momentos em que elas - as folhas simplesmente caem. Há um vázio, há uma saudade, há uma tristeza que não se preenche de forma alguma e há uma angústia que não passa de forma alguma. A culpa são das folhas que caem? Não, acho que não. Acho que a culpa é toda minha e dessa minha mania de persistir dias a fio em busca de uma direção. Seria mais fácil ser uma folha seca e apenas cair ao chão, sem possibilidades de escolha.

E a direção não aparece de jeito nenhum, mesmo que eu corra, que eu persiga, mesmo que eu evite que as folhas caiam ao chão, ou que mais louco ainda: eu invente alguma fórmula que retardasse o envelhecimento delas. Ainda assim a direção não apareceria. E cansa esperar pela direção, da mesma forma que cansa observar cada folha cair ao chão. Cansa, cansa, cansa. Além de cansar, acabo sendo invadido por um sentimento de estagnação porque não posso fazer nada, apenas observar.

Diversos movimentos involuntários e estados variados, diversas faces de uma mesma coisa. São apenas folhas e é apenas ele, sem encontrar a direção. Absolutamente nada que já não tivesse presenciado antes, já que as folhas sempre caem e ele sempre se sente desorientado.

domingo, 21 de agosto de 2011

Onde está a felicidade?

Ontem acabei me desencontrando de um colega e fui ao cinema sozinho. Não fazia muita ideia do que assistir. "Smurfs"? "Lanterna Verde"? Não, vamos fugir da lista dos filmes mais comentados e mais assistidos. Fiquei alguns instantes olhando para os monitores do cinema, quando me deparei com a chamada da próxima sessão de "Onde está a felicidade?". O titulo me atraiu logo de cara, qualquer coisa que tenha a palavra "felicidade" acaba me atraindo de alguma forma, mas ainda assim eu não seria capaz de comprar o ingresso sem fazer nenhuma ideia da história do filme. Perguntei ao funcionário do Cinemark e, ele, muito educadamente fez um breve resumo. Entrei na fila decidido a assistir esse filme.

Comprei o ingresso e aguardei cerca de uma hora até a sessão iniciar. Nesse meio tempo, entrei na Saraiva e comprei um livro do Júlio Cortázar que eu gosto muito, mas até então só o tinha lido através de empréstimos em bibliotecas; "Octaedro". Uma hora depois, fui para a sala e fiquei surpreso ao ver que estava quase vázia, por se tratar de um filme que acabara de estrear. Mas achei bom, gosto de ir ao cinema sozinho com a sala quase vázia e sentir como se o cinema fosse meu, haha. Ok, alguns casais ali, algumas senhoras aqui...Ninguém muito parecido comigo (menino de 18 anos, sozinho). Mas que seja.

O filme começa e Bruna Lombardi surge LINDA na tela. O tempo vai passando e algumas cenas engraçadas surgem, mas nada de espetacular. A mensagem que eu consegui tirar do filme é a seguinte(vou conta-la com um breve resumo do filme): Téo, personagem da Bruna Lombardi decide ir para a Espanha fazer o Caminho de Santiago da Compostela após descobrir que o seu marido a traia virtualmente. Ela vai para lá, faz o caminho mais de carro do que a pé e ao final acaba descobrindo que o seu marido não estava a traindo de verdade, após o mesmo enfrentar o seu medo de avião e ir para lá. Enquanto Téo se via mais perdida ainda, não adiantou nada ter viajado para longe, a solução poderia ter sido encontrada na sua própria cidade, porque a solução não dependia do lugar, dependia dela.

Só que, para enxergar isso ela precisou além de uma foto tirada por um celular, de tempo. Tempo para processar as coisas que aparentemente estão claras na nossa cabeça, mas na verdade estão mais confusas e desalinhadas do que imaginamos. E que a gente realmente complica as coisas o tempo todo e acaba dando proporções maiores para coisas pequenas e até voltar ao estado "normal", precisamos de mais tempo ainda. Não basta fingir que está tudo bem, você precisa sentir, precisa acreditar que está. E a felicidade não está em caminhos longos, ou em lugares distantes. A felicidade está dentro de nós, o que nós precisamos na maioria das vezes é de tempo para encontra-la, para descobri-la, na verdade.

Sobre o filme, não é, de longe, o melhor filme que eu já assisti, ou o filme que mudou a minha vida, mas dá pra tirar algum aprendizado do que é mostrado na tela. E claro, rir, porque isso também é necessário quando você está sozinho no cinema em um sábado chuvoso.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Bendições improváveis

Parece que às vezes sinto como se todos os movimentos da vida já fossem ensaiados e premeditados. Estudar e trabalhar todos os dias, manter relações cordiais, pensar no dinheiro, no cargo que desejamos alcançar na empresa, no vestibular que você quer passar...Tantos e tantos clichês diários que se emaranham e sinto como se eles me esmagassem, algumas vezes. E a vida parece um absurdo.

Não que não devessemos pensar nessas coisas, pois o mundo em que vivemos hoje nos obriga a isso, mas será que é só isso? Será que passar no vestibular daquela faculdade que é considerada a melhor do país na sua área, vai te fazer uma pessoa mais feliz(pergunta que eu me faço muito)? Será que ganhar mais dinheiro no final do mês, vai te fazer mais feliz? Se fizer, ótimo, felicidades esperadas e atingíveis são possuem uma maior probabilidade de se concretizarem, com muito esforço, obviamente. Mas e se não for o seu caso? E se, pra você, felicidade vai além disso?

Porque corremos diariamente em busca dela, a bendita da felicidade, mas a felicidade para pessoas que não a vêem em uma aprovação no vestibular ou em cargos mais importantes em uma empresa, ah, essa felicidade não aparece dentro de nós tão facilmente. Porque não existe fórmula, ou "jeitos certos". O que eu acho que existe é a nossa vontade. Fazer exatamente aquilo que for de nossa vontade é um início para essa felicidade que eu me refiro aqui e acho que eu busco todos os dias.

Só que fazer aquilo que temos vontade não é tão fácil quanto parece, existem julgamentos, impedimentos e desprendimentos para que nossa vontades sejam concretizadas e ainda acho que muitas dessas coisas só existem dentro da nossa cabeça. E quer saber? Vale a pena desafiar tudo e qualquer coisa para lutar e seguir naquilo que acreditamos, porque se não o fizermos, ninguém fará por nós. E correr atrás sem desventuras e sem receios. Correr atrás da nossa vida e não apenas nossa existência, porque todos os riscos valem a pena, também.




domingo, 14 de agosto de 2011

Flutuar sem precisar de

Libertação



Estranho como algumas coisas perdem parte da sua importância quando a gente coloca na cabeça(e no coração) que isso precisa acontecer. Está acontecendo comigo agora. Não é que eu não ame, que eu não pense, ou que eu não me preocupe. Não, não é nada disso, eu só estou menos. Amando menos, pensando menos e me preocupando menos. Estou deixando seguir mesmo...

Porque eu construi um castelo todo e cada tijolo continha uma tonelada de sentimentos, porque eu só sei construir castelos dessa forma, acreditando que, para o castelo permanecer erguido ele precisava ser construido com os sentimentos em sua maior itensidade possível e impossível. Mas estou vendo que não é bem assim, o castelo continua erguido, mesmo sem estar sobrecarregado de sentimentos. Ele fica mais leve, até. Acho que no caso, o castelo sou eu.

Boa parte das angústias, das saudades, dos medos e das vontades continuam presentes, mas não estão tão latentes quanto antes. Elas apenas existem e, se sobrar espaço, tempo e se der vontade, eu as reviro. Do contrário, permanecem lá, quietinhas, sem me fazer mal. Eu estou superando, de verdade, acho que estou superando e percebendo que a felicidade não está apenas nas outras pessoas, ela também está em mim mesmo. No que eu sou, nas coisas que posso fazer por mim...E nada disso é egoísmo. Isso é um início de renovação interior, eu acho.

E se voltar, não sentirei como se estivesse me contradizendo. Ou sentirei, sei lá, às vezes acho que sou uma contradição sentimental ambulante(oi?). Acima de tudo, sentirei que estarei indo de acordo com o que eu achar certo naquele determinado momento, naquela determinada situação. O que acho agora é que estou mais leve, mais calmo, menos ansioso, esperando menos dos outros e esperando mais de mim.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Correndo atrás de mim

Olhei a minha volta e não vi nada além de um espelho que, obviamente, refletia a minha imagem e não refletia mais nada. Era uma sala vázia, não haviam móveis e não haviam outras pessoas, as únicas coisas que haviam naquela sala era eu e o espelho. Me dei conta de que estava só, pois não conseguia enxergar outra coisa além do meu reflexo. Queria, quis, mas não conseguia e não consegui.

Tentei até quando pude, até quando suportei. Gritei, chorei, mandei cartas, pombo-correio e sinais de fumaça, mas você não veio e eu permaneci sozinho. Senti que era o meu destino e que eu precisaria me acostumar (mais ainda) com a solidão, com o desapego e aprender a ser feliz dessa forma, quisesse eu, ou não. Eu não queria, era bem verdade, mas não estava sob meu controle. Não quiseram.

O que eu quero dizer com essas coisas que escrevi aí é exatamente isso: eu estou sozinho, sentindo como se sempre eu que tivesse que correr atrás das pessoas que eu amo e traze-las para perto de mim. Ninguém se dá ao trabalho de ir atrás de mim e perguntar como eu estou. A realidade é que estou cansando muito disso e tentando, de alguma forma dar um basta.

Eu vivi 18 anos da minha vida sozinho, aprendendo a fazer tudo sozinho e aprendendo até mesmo a me divertir sozinho, não vai ser agora, não vai ser hoje, nem amanhã que eu vou ser dependente de alguém para essas coisas. É triste? É. Ter uma vida solitária é muito triste e às vezes me pergunto o que fiz de errado, mas se humilhar para as pessoas é mais triste ainda.

Dói demais saber que eu não tenho a mesma importância para algumas pessoas, como elas tem pra mim, mas eu não posso obrigar (aliás, a gente não é obrigado a nada na nossa vida) ninguém a ter sentimentos recíprocos por mim, infelizmente. O que eu tenho mesmo que fazer é lidar com isso, encontrar formas de continuar sobrevivendo desse jeito: sozinho, sozinho, sozinho.

Não vou desistir de nada nesse momento e essa não-desistência é o melhor que eu posso oferecer para MIM, porque eu ainda acredito que posso ser feliz, mesmo que seja sozinho. Minha vontade era de gritar e implorar para que não me deixassem só, mas isso seria só mais uma forma de me humilhar. Eu não vou fazer nada e não vou tomar nenhuma medida preciptada, eu apenas vou continuar seguindo no meu caminho. Eu me recuso (temporariamente) a largar tudo para ir atrás de vocês, para viver coisas com vocês simplesmente porque eu os amo.


Tô resolvendo umas coisas aqui viu, esses negócios de sentimentos demonstrados demais meio que estraga. Tô aqui aprendendo que nem todos dão valor ao que você pode oferecer, e acabar demonstrando afeto demais começa a encher o saco, e eu digo tudo isso da minha parte. Chega de ligações, preocupações, sentimentos demonstrados aos extremos. Vou ficar mais relax mesmo, não quer me ligar, não liga, mas também não ligarei. Não quer me ver, não me veja, mas também não sairei que nem doida atrás de você pra saber se a gente vai se ver, que horas é o nosso encontro, não mais. É apenas um aviso que eu deixo bem simples: se quiser, me procura você. (C.F.A)

Ao som de: The Last Song - Tim Halperin

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

E assim, saltar

Eu vejo o mundo desabar na minha frente. Eu vejo o sorriso se perder constantemente e eu não vejo esperança alguma ser renovada. Eu não mantenho perspectivas boas e não acredito nem mesmo no futuro. Acho que desilusão com a vida é algo que me sufoca diariamente. Acreditar que o dia de amanhã será bom pra quê, quando você sabe que ele não será?

Escutei um estalo e pensei que se tratasse de uma mudança, mas o estalo não passou de um simples estalo e tudo continuou absolutamente igual. A dor, embora crescesse continuamente, permanecia lá. A poeira e os odores também permeneciam. Tudo exatamente igual e, agora, mais do que nunca eu me sinto incapaz de mudar ou transformar qualquer coisa.

Meus olhos estão vázios de lágrimas porque das duas, uma: ou já chorei tudo o que poderia chorar, ou já não acredito nem mesmo na tristeza. Acho que eu não cheguei a aprender o jeito certo de fazer algumas coisas, de sentir outras coisas e acho também que não terei tempo para esse aprendizado. A vida me consome todos os dias de uma forma malígna.

Não há como correr e não há como pegar atalhos. O percurso é exatamente esse, cabe a mim a decisão de entrar nele ou permanecer do lado de fora, só que para sempre. E seria uma escolha definitiva.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Enquanto você não vem

Parece que o tempo estacionou. Parece porque o sentimento permanece o mesmo, eu sinto você todos os dias ainda que você não esteja neles daquela forma que estava antes. Eu te vejo em todos, todos os lugares possíveis e impossíveis. Eu te escuto em canções que você - ainda que não saiba - canta para mim todos os dias. E tento enganar aquela sensação de que te perdi.

A vida é realmente muito confusa, porque parece que foi ontem que nos conhecemos e que você despertou tantas coisas boas em mim que eu sequer sabia que existiam e também parece que foi ontem que eu tentava todos os dias ser alguém melhor para você, para nós. E o tempo realmente não passou pra mim, eu sigo aqui, parado, te sentindo, te vendo e te escutando todos os dias. Eu chamo o teu nome, mas você não me responde nunca. Eu choro, mas é em vão porque você também não escuta. E se escutasse, faria alguma diferença pra você?

Eu faço coisas em uma tentativa frustrada de ser feliz sem você. Eu finjo que dou risada, eu finjo que não estou pensando, eu finjo que caminho pelas ruas e você não está na minha mente, eu faço coisas banais, eu até mesmo entro em uma rotina para tentar mascarar a falta que você faz, mas tudo isso é inútil porque eu simplesmente não sei mentir para mim e para os meus sentimentos. Você está aqui o tempo todo e eu me pergunto o que isso significa. Acho que significa que eu encontrei o amor da minha vida, com certeza eu encontrei. Eu faria tudo, eu faria qualquer coisa pra você voltar.

Definitivamente estacionei e não há o que se possa fazer. Eu sigo, mas sigo todos os dias, todas as horas e todos os momentos com você. Ou melhor: você segue comigo. E me sinto uma pessoa amaldiçoada às vezes porque de mim foi tirado aquilo de mais precioso que um homem pode ter: o amor de quem se ama. Dói tanto, dói todos os dias e você não faz ideia...

E durante esses dias todos eu percebo que tudo o que faço é em vão, as tentativas, os olhares para outros caminhos são em vão. É você, é só você quem eu gostaria que estivesse aqui e então me sinto um derrotado porque não consigo e não posso fazer nada para que você volte. Eu já perdi o que eu tinha de mais importante na minha vida. Eu perdi o meu Amor.