segunda-feira, 27 de junho de 2011

Próximas estradas

Não entendo porque você volta. E volta todas as vezes da mesma forma, daquela mesma forma que me deixou desse jeito que eu não consigo definir agora. Agora eu acho que estou dispensando sua volta e talvez eu não queira que você volte mais, porque quando você volta, tudo volta. Volta o sorriso, volta a alegria, volta a esperança, mas volta também a dor e eu não sei o o que eu faço com ela.

Muitas vezes eu coloco essa dor em segundo plano e coloco em primeiro o sorriso, a alegria e a esperança. Não que isso seja ruim, mas quando a dor volta, ela volta sozinha e você não está aqui, comigo, para faze-la parar, pelo contrário. Você faz a dor aumentar e nem sabe disso e, se soubesse, provavelmente colocaria a culpa da dor em mim. És um estranho, cego, egoísta e insensível, mas você também é um estranho que me traz felicidade. Por que?

Eu acho que dispenso e pela primeira vez acho também que consigo fazer isso sem lastimas, agora consigo fazer isso com uma tristeza interna por estar me tornando forte, forte contra você. Essa vulnerabilidade toda me trazia certo orgulho porque eu gosto de sentir, e gosto mesmo. O que não gosto é de sofrer tanto...De me ferrar tanto, mas acontece. Quando a gente vive, pode acontecer, aconteceu. Não sei, eu consegui não-olhar para trás e não sei até que ponto isso foi bom, porque eu fiquei triste do mesmo jeito, talvez não tivesse ficado triste se tivesse olhado para trás, mas isso já foi.

O mais importante de tudo é seguir. Com dor, com sorrisos, com tristezas e principalmente com esperança, o mais importante é seguir com, ou sem você. Além de seguir, é importante que eu olhe para trás, veja todos os capítulos, todas as falas e ações e acredite que naquele momento eu fiz o que deveria ter feito naquele momento e que aquele era eu. Memórias, memórias que não se esvairão mesmo que eu siga, mas eu repito: sigo feliz e sigo sem você, feliz do mesmo jeito.


*texto sem nexo, meio experiência-própria, meio-sentidos-inventados, mas que precisava ser escrito nesse momento.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O rosto de pedra

Porque quando eu vejo, sentimentos imaginários e desconhecidos são despertados em mim e tudo o que eu queria era que esses sentimentos não existissem. Ou melhor, que existissem, mas que tivessem um canto de luz, um acalanto, uma paz. Mas essas coisas não vem e eu fico à margem da minha constante desorientação, sentado, olhando aquilo que eu vi passar.
Foi um encontro desencontrado que não deveria ter acontecido e causou tamanha confusão em mim, e penso como fico e como sou vulneráve quando eu vejo. E acredito que não existem limites para essa vulnerabilidade, porque se eu ver outra vez vou sentir as mesmas coisas que senti e quis morrer por estar sentindo.
Ainda que existam milhões de coisas dizendo que não, não, não é, existe uma ou outra que diz que é, sim. Mas a minha decisão agora é de ir com a maioria. Não, não, não é.





"You gotta stand for something or you'll fall for anything
You gotta stand for something or you'll fall for anything"
(The Script)

terça-feira, 21 de junho de 2011

Plantação de velas













Dia desses passei em frente a uma igreja e vi diversas velas acesas. Eram velas de promessas, agradecimentos ou coisas do tipo, provavemente. Fiquei observando as velas durante alguns minutos e reparando que algumas estavam no final, mas não se apagavam, enquanto outras tinham bastante cera para derreter. Mas todas, todas elas estavam acesas. E enquanto eu as observava, pensei que todas as vidas deveriam ter uma plantação de velas.

Não velas no sentido literal, como as da igreja, mas velas acesas dentro de si. Velas de esperança, velas de perspectiva, velas de sonhos, velas de amor. Uma plantação cheinha de velas que mesmo com o tempo, não são apagadas. Porque nossos sonhos e nossas virtudes não são apagadas nunca, o que acontece é o mesmo que aconteceu com as velas. Quando elas foram postas ali, foram colocadas cheias de esperança e assim foi. Com o tempo, a mesma pessoa que colocou a vela foi se esquecendo sem saber que estava se esquecendo que havia colocado uma vela lá, mas a esperança não morreu. Ela permanece viva, meio ausente dos pensamentos diários, mas viva. E é isso o que importa: manter as velas acesas e as esperanças vivas.

Se nós pararmos para pensar, todos os dias plantamos e acendemos uma vela. A partir do momento que abrimos os olhos, uma vela é plantada porque algo dentro de nós nos diz que aquele dia vale a pena ser vivido e que aquela chama se estenderá durante muitas e muitas horas. Também plantamos e acendemos velas quando iniciamos uma relação, porque acreditamos que aquilo nos fará bem e mantemos a vela acesa pelo maior tempo possível. Plantamos e acendemos velas até mesmo quando estudamos para uma prova, porque acreditamos que o conhecimento iluminará nossa mente. Plantamos e acendemos uma vela porque nossa vida precisa dessas perseveranças escondidas.

E se a vela se apagar? Bom, se a vela se apagar, aquela chama não era nossa, era uma chama que outros haviam depositado na nossa vela, ou seja, era a chama do outro. E a chama do outro não conseguiria manter a nossa vela acesa por muito tempo. Somente nós mesmos podemos acender nossas próprias velas, porque esse é um ato de iniciativa. E a iniciativa precisa partir de dentro e de preferencia, de um lugar lá de dentro que seja bem bonito.

Uma plantação de velas também dá frutos, frutos esses que colhemos quase todos os dias e quase não percebemos, já que eles surgem inexperadamente, sem que saibamos que eles virão, mas eles vem, sem se importar qual estação o ano está. E invernos rigorosos, ou verões calorosos não são o suficiente para barrar o nascimento e melhor, a colheita desses frutos que brotam de forma sincera e se completam com as chamas que permanecem acesas. Ah, e praga nenhuma atingem plantações verdadeiras. Nenhuma.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Despertando o desconhecido

Que seja doce;




Ultimamente não ando me reconhecendo direito. E isso não é uma coisa ruim, muito pelo contrário, está sendo ótimo conhecer lados, partes e coisas em mim que eu desconhecia até então. Não são coisas físicas (já passei dessa fase), mas são coisas...Interiores, eu acho. Porque eu não sabia que conseguiria ir.
Ir, isso, ir. Não sei ao certo pra onde, mas eu não sabia que era capaz de ir sem ter muita noção de onde determinada estrada me levaria. Ela; a estrada, poderia me levar para um destino ruim, como também poderia me levar para um destino bom, como também poderia não me levar a lugar nenhum. Eu acho que a segunda alternativa está acontecendo. Ela está me levando para o lado bom.

Porque quando a gente pensa e pensa demais, acaba perdendo a oportunidade de fazer diversas coisas que poderiam ser bacanas - ainda que momentâneas - para nós, e eu era muito assim. Me privava de fazer coisas que tinha vontade, mas também tinha receio de não ser legal, de não acontecer da forma que eu esperava, mas isso a gente não pode prever. A gente tem que fazer, e fazer de forma honesta com nós mesmos, afinal, se estou com vontade, se acho que será legal, por que não? Contanto que eu não corra risco de morte, ou algo do gênero, está valendo.

Não sei muito do que falo, mas andei aprendendo e percebendo que, embora eu ame o meu quarto, às vezes eu preciso sair dele, às vezes eu preciso sair da minha zona de conforto e me permitir, como cantava o Cazuza. Me permitir e permitir que outros olhares atravessem meus olhos, em um misto de novas cores e novas sublimações. Eu preciso e gosto disso. Ainda que não aconteça nada depois e que seja algo momentâneo, vale. Vale porque cada momento de felicidade, cada momento de risadas e cada momento de euforia vale a pena na vida. O que a gente, e o que eu preciso ter para conseguir esses momentos é "só"(em aspas porque não é algo tão simples assim) me permitir.

E sair do nosso casulo faz bem, faz bem descobrirmos esses novos olhares que estão por aí, faz bem enfrentar os nossos abismos internos e pessoais, faz bem tentar. Estou aprendendo isso da mesma forma que estou aprendendo uma série de outras coisas e não sei de onde veio essa vontade de aprender, mas ela cresce, cresce a cada dia que passa porque a cada dia que passa vou descobrindo um Rafael que eu não sabia direito que existia dessa forma, mas ele existe. E isso é bom, de verdade, eu acho isso bom.

Para que não passe em branco e para não esbarrar no arrependimento involuntário, fundamental mesmo é se permitir. E lá vamos nós.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

No meio de nada

Quando suas veias despertaram, passou a tomar forma. E aí quis chorar porque sentia tanto, tanto, tanto, eu sentia tanto alguma coisa que eu não sabia e acho que nunca vou saber o que é. O que eu sabia é que essa coisa chegava até o fundo, que era incapaz de ser vista, colocar a mão e tirar dali de dentro. Era muito fundo. E estava lá a tanto tempo que parecia que tinha sido colada, ou nascera com aquilo dentro de si.
Quis disfarçar, colocar alguma coisa por cima e colocar um sorriso no rosto pra fingir que aquela coisa não existia, mas aquilo(que ele não sabia o que era) existia de tal forma e a tanto tempo que nem mesmo a melhor das máscaras, nem mesmo o melhor dos disfarces e nem o sorriso mais bonito seriam capazes de encobri-las. O desespero bateu e tentou mais além e tentou mais de tudo o que achava que poderia tentar. Fez milhões de perguntas e questionamentos a fim de dar vazão àquilo tudo, mas também não adiantou.
No campo e nas estradas chegou a ver alguma coisa reluzente, que parecia que iria ajuda-lo e foi em busca dessa coisa. Escavou, decifrou mapas e percorreu estradas, escalou montes e atravessou florestas; tudo foi em vão. Aquilo ainda estava lá, latente.
Em determinados momentos ameaçava gritar e dizer para todos e principalmente para, que havia algo dentro de si e que esse algo convivia consigo 24 horas por dia, 7 dias por semana. Convivia com ele o tempo todo e ele não estava sendo mais capaz de lidar com aquilo. Também chorou e até se sentiu mais leve, mas foi temporário. Aquilo voltou a incomodar. E não cessava, não cessava nunca.
Diariamente se perguntava se um dia, finalmente aquilo iria se despregar do seu corpo, da sua vida. Se despregar de seu coração. Não obteve respostas, ou talvez o silêncio também seja uma resposta. A resposta da incerteza, porque ele não conseguia encontrar seu caminho, não conseguia seguir seu caminho e carregar aquilo sozinho. Doia, cansava, ele simplesmente não conseguia.
Enquanto isso, algo brotava dentro de si, algo que crescia todos os dias e algo que ele sabia que era tão maligno e libertador ao mesmo tempo, que seria capaz de salva-lo. Quando se deu conta de que esse algo estava crescendo, suas atenções foram imediatamente viradas para ele. Olhava para ele, buscava informações sobre ele, tudo, absolutamente tudo era sobre ele. Porque parecia ser uma saída. Talvez não a mais correta, talvez não a única, mas era a única naquele momento e era nela que ele se agarrava. Como ele era ingênuo. Como ele ainda acreditava.
Até que em determinado momento, essa coisa malígna e libertadora que havia brotado já estava lá a tanto tempo que já estava colada, como a outra coisa. Era algo que também convivia com ele 24 horas por dia, 7 dias por semana. Era sua saída, se a outra coisa resolvesse explodir dentro de si e transbordar por suas veias, seria sua saída, seria sua solução e sua libertação. Era sua rosa seca, murcha e quase sem vida ao meio de outras tantas rosas com vida e com cor. E justamente aquela, seca e murcha que ele iria colher, caso fosse necessário. Caso fosse sufocante.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Eu consegui dar o passo

Entre pensamentos aleatórios e desalinhados, pensei em algo que foi essencial: o importante é dar o passo. O que isso significa? Significa que não importa se determinado ato deu "certo", ou "errado"(uso aspas porque esse conceito de certo e errado é muito relativo, ou nem sequer deveria existir), o que importa é faze-lo, arriscar, sair, correr, ver.
Estranho como às vezes penso tanto antes de fazer alguma coisa, imagino tantas consequências em algo que é tão simples e nessas, me confundo tanto e perco tantas oportunidades de...Ver. Porque não importa que haja medo, que haja receio ou que haja qualquer sentimento que não nos leve a lugar algum, o que deve importar de verdade é a nossa vontade, ainda que tímida, de concretizar tais coisas.
Pode ser bobagem e pode parecer que seja um drama desnecessário, mas não é nada disso, o que "é" talvez seja uma limitação interna que nos impede de dar o passo, por mais que, no fundo, saibamos que sim, devemos dar o passo. E eu consegui dar. Ao menos um deles...
A sensação que senti após dar o passo foi incrível, um misto de orgulho, com satisfação, com não-sei-o que, mas todas essas sensações foram boas e foram sensações que certamente irão me empurrar para outros passos, para outras coisas e para outras. Penso que se eu não tivesse dado esse passo eu estaria até agora pensando o porquê de não ter dado e provavelmente me sentiria um covarde, mas agora que eu dei o passo, penso que preciso dar mais passos ainda.
Não que eu deva dar o passo por qualquer coisa, mas eu devo dar o passo para aquilo que eu acho que será bom e que irá me fazer bem, mesmo que no fundo, bem no fundo algum receio ou sentimento bobo-chato-feio esteja soprando. O único sopro que me moverá será o sopro positivo.
Depois desse passo, eu espero que venham outros passos e honestamente, não me importaria se alguém desse esse passo junto comigo, ou se alguém me ajudasse a da-lo, como aconteceu, indiretamente. A iniciativa e a vontade precisam partir de mim, mas não é porque eu quero, que necessariamente, quero que seja sozinho. Confuso.
Não importa que ainda existam sentimentos ambíguos, não importam os morros fúnebres e as escaladas intermináveis, não importa o clima, o ladrilho, nem mendigos com palavras trocadas, o que importa é o passo.