sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Desintoxicação

Após um ano inteiro de altos de baixos, ou como eu costumo definir mentalmente como "o meu ano cheio de aventuras", decidi fazer uma escolha que me soa um tanto quanto desesperadora: estar só. Não que eu queira esquecer da minha família, dos meus amigos ou simplesmente das pessoas que eu gosto... Mas a verdade é que eu preciso lembrar de quem eu sou. Andar (apenas) com as minhas pernas por alguns tempos, ir a todos os lugares que quero ir. Obedecer minhas vontades.

Preciso ser menos dependente. E me enxergar, todos os dias, como o meu melhor amigo. Acreditar que a presença da família e dos amigos é extremamente importante, mas não necessariamente vital. Acreditar em mim e em tudo o que posso fazer estando sozinho, embora o contato com as outras pessoas me faça muito bem. Eu sou o meu bem maior, eu posso me dar alegria. E posso ser feliz, independente do lugar e de com quem esteja. E se estiver sozinho, posso ser feliz, também! O mais importante é que eu me encontre e que esteja em paz comigo. Dessa forma, ausências não serão encaradas como percas; serão encaradas como oportunidades. Oportunidades de me enxergar, de me redescobrir.

sábado, 29 de novembro de 2014

Desde que você se foi

Depois de tanto tempo carregando você comigo pra todos os lados foi muito estranho perceber que aquele amor todo havia perdido a intensidade. Foi como perder uma parte do meu corpo e depois disso ficou complicado andar, respirar... Ficou difícil porque aquele sentimento já estava em mim a tanto tempo que eu me acostumei com ele, aprendi a respeita-lo e travei uma batalha pra entender a dor que ele causava em mim.

Quando o sentimento foi embora eu realmente fiquei sem saber o que fazer. Ao mesmo tempo que fiquei feliz porque a partida dele levou embora toda a dor que ele me causara, fiquei triste porque ele era uma das únicas coisas que me fazia sentir vivo mesmo. Que me desequilibrava de uma forma que me colocava em outros eixos e me transportava pra lugares que só você era capaz de me levar.

Agora fica um oco aqui dentro. Acho que me viciei em estar apaixonado. E desde que o sentimento foi embora eu tenho tentado buscar outros sentimentos em tudo, esperando que algum deles ocupe o lugar que ficou vago e devolva pra mim a paixão que por vezes perco pela vida.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Memórias afortunadas

Após um dia difícil, decidi procurar qualquer coisa que me desse alguma esperança e algum motivo pra sorrir. Alguma coisa que me fizesse acreditar que a vida gira e que nunca seremos infelizes para sempre. Que as coisas mudam quando a gente menos espera, ou melhor: quando corremos atrás das mudanças. Mesmo cansado, fiz tudo o que estava ao meu alcance externamente e, apesar de todo o esforço, nada conseguia mudar a cor daquele dia e dar ares de alegria àquele momento difícil.

Foi então que precisei ir além. E acreditar naquilo que meus olhos não podem enxergar, mas que está guardado dentro de mim. Decidi me abastecer de memórias. Sim, memórias. Mas aquela memória que nos faz sentir saudades enormes de um tempo em que o nosso coração bateu mais forte e o sorriso desabrochava no rosto sem motivo aparente... E a gente era feliz porque a vida era leve.

E aí senti vontade de chorar. Me culpei por todas as vezes que reclamei da minha vida porque percebi que não tenho motivo algum pra reclamar. Me dei conta de que o que eu tenho de mais importante é uma força interior que não me abandona nunca, nem mesmo nos dias difíceis. Me senti afortunado não porque tudo estava perfeito; me senti afortunado porque tenho resiliência.

Depois que trouxe todas aquelas memórias, olhei a minha volta, refleti sobre a minha situação naquele momento e tudo ficou tão pequeno, sabe? Nossa força e aquilo que nós carregamos conosco de bom e, sobretudo, aquilo que nós emanamos para o mundo é maior e mais forte que qualquer intempérie da vida. Por isso não caímos. Quando tiver um dia difícil, ou achar que está vivendo um momento difícil, se abasteça de memórias.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Do amor que eu não posso carregar

Eu acho que sou dessas pessoas movidas a amor. E quando digo amor, não me refiro (apenas) ao amor carnal, me refiro a todas as formas possíveis de demonstra-lo: amor às pessoas, amor à nossa vida, ao nosso trabalho, àquilo que nós estudamos... Amor que transborda a gente sem que a gente saiba o porquê. E me sinto tão, mas tão imerso a esse amor que se eu não tiver como descarrega-lo, ele irá me sufocar.

Sigo numa busca constante atrás de arranjar algo, ou alguém pra depositar tudo o que tenho dentro de mim. E sei o quão egoísta isso pode parecer, já que descarregar meu amor é uma necessidade minha e nada ou ninguém precisa atender essa necessidade. Mas todos os sentimentos que estão guardados dentro de mim não entendem isso. Eu estou desesperado. Desesperado pra jogar, num ato completamente irracional, meu amor pra todos os lados, sem me importar se restará algum amor dentro de mim, pra mim.

E tenho medo. Medo de não aguentar carregar por tanto tempo tantos e tantos sentimentos que ao mesmo tempo que me preenchem e me fazem sentir vivo, me aprisionam. Me aprisionam porque são sentimentos estagnados... E nisso, acho que sentimentos são iguais a livros: parados, numa estante, são enfeites lindos. Mas eles ganham utilidade de verdade quando circulam com outras pessoas, por outros lugares. Sentimento guardado se torna um fardo. E sufoca.

Por isso, busco. Busco algo, alguém. Busco além do que meus olhos podem enxergar... Busco alguma coisa, mas não busco qualquer coisa. E não sei se um dia essa busca terá fim.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Oração

E de repente tudo vai se encaixando. Percebo que estou menos dramático, menos impaciente e mais otimista. As dores já não parecem eternas e a solidão não é mais vista como algo ruim, tampouco como algo eterno. Estou olhando para frente. O passado só me acompanha no aprendizado que ele me proporcionou, não mais na dor. Canto para mim mesmo: "...é bonita, é bonita e é bonita". Sei que ainda vou cair de novo, mas não sinto medo. Sigo. Sigo para o que de melhor pode surgir em meu caminho.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Guardado

Às vezes sinto como se nossa vida fosse toda voltada para os outros. Nos vestimos (na maioria das vezes ) para agradar os outros, queremos estar aonde os outros estão, opinamos baseados na opinião dos outros e, principalmente: queremos ter um outro alguém pra amar. Mais perigoso que todas essas vontades e todos esses hábitos que, embora pareçam intrínsecos, não são, é crer que ter o outro é uma necessidade vital e, dessa forma, depositar todas as nossas esperanças e pretensões para o futuro em uma pessoa só.

Nossos relacionamentos são extremamente importantes e não devemos ignora-los. Precisamos de família, amigos, colegas de classe, trabalho: precisamos nos inserir em grupos sociais porque o sentimento de pertencimento é algo que nos completa. Mas não devemos ter aquela sensação de que só nos sentimos bem de verdade quando estamos em grupo, porque a felicidade é algo que vai além das interações sociais. A felicidade transcende qualquer contato físico, visual ou verbal. A felicidade permeia nossos horizontes todos os dias, a partir do momento em que nós acordamos e damos mais uma chance para a vida.

Pense quantas vezes já passamos a noite com amigos e, ao chegar em casa nos sentimos tristes depois de uma pseudo-alegria? Não que a alegria não possa ser compartilhada, pelo contrário; ela deve ser compartilhada. Mas só podemos transmiti-la quando ela vem de dentro pra fora. A felicidade só pode ser irradiada quando ela vem acompanhada de honestidade emocional. Não adianta parecer, tem que ser.

Que sejamos bobos e que essa felicidade também seja. Porque quando somos bobos, perdemos todas as nossas amarras e nos libertamos. Que a gente seja feliz por ser.

domingo, 14 de setembro de 2014

Inquietudes do amanhã

Quis ser mais rápido que o próprio tempo e colocar em prática, de uma vez só, tudo aquilo que eu sempre vislumbrei. Pulei etapas, briguei com todos e não ouvi ninguém: fui extremamente apressado por acreditar que o tempo determinava a intensidade das coisas quando, na verdade, o tempo é um mero coadjuvante em uma busca que não tem...Tempo. Tempo pra terminar, tempo pra começar. Se trata de algo involuntário.

Tudo o que acontece conosco é fruto de uma inquietação que é muito positiva. Reflexão e ação caminham juntos, mas nem sempre caminham no mesmo ritmo. Pular etapas reflexivas e agir pode ser um tanto quanto perigoso. E se o resultado não foi o esperado, não basta culpar o mundo, as pessoas, as circunstâncias: é necessário realizar um trabalho interno até encontrarmos o ponto em que falhamos, ou a etapa que pulamos. Refletir.

Não é uma tarefa fácil. Reflexão exige tempo, introspecção, exige que a gente aceite estar, por alguns momentos, sozinhos, na plenitude de nossa própria companhia. Exige que a gente enxergue (e aceite!) nossos erros, nossas qualidades e, acima de tudo, exige autoconhecimento. E o mais curioso de tudo isso é que não existem conclusões. O que a gente leva dessa experiência é um crescimento que muitas vezes não é percebido por aqueles que estão a nossa volta, mas, com certeza será percebido por nós.


domingo, 15 de junho de 2014

Pra dentro

É estranho como a nossa vida é feita de fases e que passamos de uma para outra sem que a gente perceba. Um dia estamos numa festa, rodeado de conhecidos e com um semblante feliz no rosto. No outro, estamos em casa de pijamas, vendo uma reprise na televisão... E, embora a gente não demonstre, estamos igualmente felizes. Uso essa metáfora para exemplificar que há momentos em que a melhor companhia que a gente pode ter é a nossa própria companhia.

Não se trata de esquecer dos amigos, ignorar qualquer convite ou sumir do mapa... Trata-se de olhar pra dentro, de se olhar no espelho e reconhecer a pessoa que aos poucos estamos nos tornando. Não é uma fase de introspecção, pelo contrário: é uma fase de prospecção para os novos rumos que a gente mesmo quer tomar. Uma fase que se inicia com atitudes que farão bem, sobretudo, a nós mesmos.

Por vezes nos entregamos a outras pessoas e perdemos o controle daquilo que estamos entregando. Essa fase é o oposto disso, é a fase de dar tudo o que pudermos dar...A nós mesmos. Não por egoísmo, mas por amor próprio. Por acreditar que, se nos cuidarmos (externa e internamente, principalmente) irradiaremos mais luz. Luz essa que será irradiada para todos os cantos, mas uma luz que nós mesmos conseguiremos enxergar.

A prioridade não é você, nem sou eu... A prioridade é o reconhecimento. Saber quem sou e o que quero projetar para os outros. A prioridade é meu silêncio de felicidade, minha tranquilidade sem desespero. A prioridade é me fortalecer de todas as formas. É dar um, dois passos para trás, para depois dar um passo para frente. É não cair e não ser derrubado por armadilhas que eu mesmo coloquei. É olhar pra frente e, mais que isso: é olhar pra dentro. E sentir-se feliz com o que os olhos miram.

sábado, 17 de maio de 2014

As facetas do menino invisível

É estranho como a percepção que as pessoas têm de nós pode ser totalmente errada. E afirmo isso da minha parte. Quando escuto falarem sobre as minhas características, me entristeço. Me entristeço porque percebo que grande parte das pessoas compram o personagem que eu vendo a elas. Me entristeço porque ninguém conseguiu perceber que, quanto mais piadas eu faço, mais deprimido estou. E quanto mais pessoas ao meu redor, mais solitário eu me sinto.

Não sei até quando conseguirei manter esse personagem. Ao mesmo tempo que sei que ninguém é obrigado a saber da minha tristeza - e que todos possuem a sua, eu gostaria muito de partilha-la com alguém. De vez em quando sentar, derramar algumas lágrimas e me sentir mais leve por ter colocado pra fora uma parte de mim que só me faz mal. Renascer depois disso. Mas não me permito não ser aquilo que eu mesmo não gostaria de ser (porque afinal, quem gosta de ser triste?), mas que sou... E sigo escondido atrás de máscaras que um dia se desintegrarão do meu corpo.

Não pense que tudo é tristeza e que todos os risos são de mentira, porque não é assim. Mas grande parte... Grande parte é uma fantasia que eu inventei pra escapar de mim e conseguir sobreviver enquanto resta alguma esperança.

domingo, 27 de abril de 2014

Olho pro hoje e não me encontro

No meio de tantos questionamentos cotidianos, decidi refazer o trajeto que me trouxe até aqui. Decidi repensar em todas as escolhas do passado, em todos os desejos e me perguntar, outra vez, porque escolhi esse caminho. Não fiz isso com o intuito de me conhecer melhor, fiz isso com o intuito de interromper a tristeza que me perseguia todos os dias, desde que cheguei.

Repensando nas minhas escolhas, notei que eu não havia optado por esse caminho: quem havia optado por ele foi o desespero que tomara conta de mim em outros tempos. Foi por ele, não foi por mim. Se fosse por mim, teria optado pela felicidade, por estar perto das pessoas que me amam... Se fosse por mim, teria sido completamente emocional e, sem dúvida nenhuma teria permanecido onde estava.

Agora, tempos depois de ter embarcado nessa jornada, chego a conclusão de que precisava disso para valorizar. Para olhar mais para as pessoas que estavam perto de mim, para ser mais tolerante com aqueles que me amam... Pra ser mais tolerante com o tempo. Estar aqui, de forma alguma precisa ser uma obrigação, costumo dizer que estar aqui é uma escolha diária que faço e, tenho certeza que quando sentir que essa escolha já não me faz bem, desistirei dela e partirei rumo a novos horizontes.

Não quero pensar que sou fraco, porque não sou. O desespero me trouxe a coragem que faltara em outros momentos da minha vida. Mas por outro lado, vejo que sou pequeno diante de tudo o que sinto nesse momento e que todos os meus sentimentos precisam de abraços, de corações. Todos os meus sentimentos precisam de verdades para permanecerem dentro de mim. E a saudade... A saudade não é a tristeza. A saudade, junto com o amor, é o laço que me prende ao que, momentaneamente, abdiquei. 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Hoje, amanhã

Estranho como pontos de vista diferentes são capazes de mudar um mesmo fato. O fracasso pode ser encarado como aprendizado, a perda pode ser encarada como oportunidade e o cair pode ser encarado como recomeço. Tudo depende da nossa perspectiva. Num momento de tristeza é difícil ser racional e pensar nas diversas possibilidades que ainda podem permear nossos caminhos. Talvez seja até válido aproveitar o "luto", entrar na fossa; chorar, amaldiçoar, lamentar, querer sumir. Talvez seja válido tudo isso para que depois o novo tome conta de nós e traga novas atitudes, que a gente, finalmente se dê conta de que "insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes".

Existem momentos que a melhor atitude que podemos tomar é refletir. Analisar o que fizemos, analisar o que queremos e o que precisamos fazer para alcançar nossos objetivos. É esse o momento de se permitir não fazer nada, de até ficar introspectivo e traçar uma espécie de plano de batalha mental. Aceitar que nesse momento o passado não poderá ser mudado, mas que é possível agir diferente para ter um futuro diferente. Está tudo em nós.

Precisamos analisar os fatos com a clareza que a nossa mente permitir. Usar todo o otimismo que existe dentro de nós, toda motivação que pudermos alcançar e avançar. Deixar para trás os momentos de reflexão e botar em prática tudo aquilo que planejamos sem medo de fracassar e sem olhar para o passado. Não é tudo tão complicado quanto parece, os fatos desdobram-se na nossa frente e o futuro depende de nós.