terça-feira, 8 de setembro de 2015

Se nada for como antes

Conforme a data se aproximava, ficava mais apreensivo. Tinha medo de encontrar tudo tão, mas tão diferente que eu não pudesse associar o passado àquele presente. E fui criando fantasias de um presente que sequer havia acontecido: imaginei um futuro que não se atrelava ao passado do que vivi naquele lugar. E essa desconexão me causava angústia, porque ela era uma espécie de rompimento e eu não queria desapegar.
A verdade é que, sim, tudo estará diferente, mas não necessariamente irreconhecível. A essência daquelas relações que por tantos meses fizeram bem estarão intactas; um gesto mudará, um tom de voz e um trejeito... Mas a essência, aquilo que realmente importa, continuará intacto. E se isso não acontecer? Se isso não acontecer, lembrarei do passado com tanto, mas tanto carinho, que não ficarei triste. 
Não terei medo de retornar outras vezes àquele lugar justamente porque o que foi vivido, da forma que foi vivido, jamais se perderá. O presente é tudo o que temos, mas a saudade do passado mantém vivo um baú de recordações que fazem esse reencontro ter algum sentido. E, mais uma vez: não terei medo.