sexta-feira, 13 de maio de 2011

Esperanças, saudades, vontades.

Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei
Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa?




Eu vislumbrava tantas coisas com você. Vislumbrava nós juntos, longe, bem longe, entrelaçados, sorridentes, preguiçosos, com aqueles olhos cerrados por causa do sono e do frio que estaria fazendo lá fora. Eu vislumbrava vários abraços, vários poemas bobos e várias horas ao seu lado. Eu vislumbrava uma vida com você.
Vislumbrava-me contando o que aconteceu durante o meu dia e te vislumbrava interessado em cada palavra que eu dizia. Então você também me contava o seu e eu mostraria o mesmo interesse e ainda te faria algumas perguntas, tamanho esse interesse seria. E depois, quando ambos já soubessem o que se passou no dia do outro, eu perguntaria se você queria que eu fizesse algo pra você comer, ou se você iria dormir direto. Se você respondesse que iria dormir direto, eu diria algo como: "Mas você passou o dia fora de casa e precisa comer alguma coisa. Espera, eu faço em dois minutos e você já come." E se você respondesse que queria comer, eu perguntaria o que e, caso não tivesse, faria questão de ir comprar. E eu iria mesmo.
Vislumbrava um, dois, três, todos os finais de semana possíveis em que nós não saissemos de casa, ou melhor, só saissemos da cama pra comer(de pijamas, ainda por cima) e caso o telefone tocasse, o deixariamos tocar quantas vezes fosse, mas não o atenderiamos. Durante esse tempo em que estivessemos deitados, juntos, iriamos comentar coisas banais, como aquela vez em que você esqueceu de pagar uma conta e ficamos dois dias sem luz, ou quando eu cheguei aí na sua cidade e você riu do meu sotaque. Ou não diriamos nada e ficariamos quietos, apenas olhando um pro outro e eu pensaria: "Meu Deus, eu sou o garoto mais sortudo do mundo." E então dormiriamos novamente...
Vislumbrava nos dois aqui, nessa cidade complicada que eu tanto queria fugir, mostrando-te os lugares que frequentei durante minha infância e até alguns meses antes de me mudar pra Pasargadá e viver contigo. Enquanto eu te mostrava, você ria de mim outra vez porque eu falava da maioria deles com certa raiva e quase sem saudades, agradecendo por não precisar frequenta-los mais e agradecendo por você - ainda que não saiba - ter me tirado dali. E aí iriamos pra minha casa e minha família ficaria encantada com você e diria que eu não merecia tanto. Eu concordaria, você, não.
Vislumbrava o primeiro dia juntos, enfim, no mesmo lugar. Você também me apresentaria os lugares que frequentou e que frequenta e sempre teria algum conhecido, que você cumprimentaria e sorriria, eu sentiria um pouco de ciúmes, mas poxa, você é tão simpático e educado, eu não posso tirar isso de você.
Vislumbrava um mundo cheio de "nós" e com vários "você", porque eu me deixaria um pouco de lado pra cuidar de você, te fazer feliz e ao mesmo tempo isso me faria feliz, também. Porque eu não consigo vislumbrar problema nenhum que fosse maior do que eu sinto por você e porque a melhor coisa que eu tinha na minha vida, era você.
Eu vislumbrava uma, duas ou até mesmo três lágrimas caindo do meu rosto cada vez que nos despedissemos pela manhã e fossemos fazer nossas obrigações, e vislumbrava que antes que você saisse, eu te abraçaria tão, mas tão forte, como se fosse a última vez que estivessemos nos vendo. Te levantaria do chão e diria quantas vezes fosse preciso: "Eu amo você. Não esquece: eu amo você." Vislumbrava que logo depois dessa despedida, cerca de 10 ou 20 minutos eu te ligaria e perguntaria se você chegou bem no seu destino. Você acharia aquilo um exagero, mas meu coração se acalmaria por saber que sim, você chegou bem. Só não pense que isso é egoísmo...
Vislumbrava você brigando comigo porque eu não fui tão simpático no telefone com a minha mãe, e depois você falaria que eu preciso conversar com a sua, porque ela poderia me ajudar de alguma forma. Eu aceitaria, não só para te agradar, mas também porque sua mãe havia se tornado uma segunda mãe para mim desde que eu me afastei da minha.
Vislumbrava você acordando no meio da noite e me encontrando na mesa de vidro da cozinha, terminando algum trabalho pendente. Você diria que já é tarde e eu só voltaria pra cama porque seus olhos estariam vermelhos de sono e aquilo me comovia de uma forma inexplicável.


Como eu vislumbrava e como, de alguma forma meio maluca, me pego vislumbrando tudo isso e tantas outras vislumbrações com você. E por favor, não me ache ridículo, apenas saiba que durante esse tempo todo eu amei você e ainda amo.

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