segunda-feira, 10 de outubro de 2011

De olhos e ouvidos externamente fechados

Ele gostava de aventuras. Ele não tinha medo e ele se arriscava. Ele encontrou um poço que era escuro, parecia fundo e perigoso, mas ainda assim decidiu entrar. No começo, o poço até parecia inofensivo, não haviam ratos, não havia muita sujeira e ele conseguia descer tranquilamente por aquele caminho que, cada vez mais se estreitava, porém, nada de surpreendente.

Ele estava feliz por ter entrado no poço. Sentia-se corajoso, sentia que estava fazendo um grande bem para si mesmo. No decorrer do caminho, alguns ratos foram surgindo e o poço não era tão-mais-amigável-assim. Mas ele não iria desistir nos primeiros obstáculos. Alguns amigos deram falta dele e o gritaram lá de cima, mas ele escutava e ignorava qualquer chamado, estava focado em chegar até o final do poço.

Mais obstáculos pelo caminho; sujeira, escuridão, falta de espaço, mais ratos e outros bichos...O caminho era complicado e parecia que não chegaria ao fim. Ele tentou voltar, mas foi em vão: estava tão dentro do poço que era impossível escapar e sair dele. Bateu certo desespero, ele começou a pensar que iria viver para sempre ali dentro e que sua vida se resumiria àquilo. Se arrependeu de não ter escutado os amigos, pois ele estava sofrendo naquele momento.

Havia uma conformação que se aproximava, mas era uma conformação diferente. Era uma conformação misturada com a felicidade de ter assumido o risco e de ter feito exatamente aquilo que ele queria fazer, mesmo que doesse, mesmo que o caminho fosse sofrido, como estava sendo. Tempos depois conseguiu enxergar o caminho, ele encontrou uma luz e encontrou forças para sair do poço. O fez.

Fora do poço restavam as lembranças do tempo em que estivera ali, do sofrimento que o poço o causou, por isso, mudou tudo. Mudou de casa, mudou de trajetos, mudou sua forma de pensar. E se afastou do poço, pois aquele lugar lhe causava péssimas lembranças. Mas ele assume que fez, que entrou no poço por vontade própria.

Um comentário:

  1. Os poços estão aí mesmo, e a gente vai entrar e vai se arrepender ou não. E vai ser bom ou não. E vai trazer dor, arrpendimento, perdas ou não. E vai nos deixar mais fortes ou não. Mas uma coisa é certíssima, não podemos deixar de correr o risco. Isso é viver. E tudo que vier com o risco é viver.
    Muito bacana teu post**

    Beijoo'o

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